terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Normal em relações longas, queda do desejo sexual pode ser revertida

No início do relacionamento, o casal está com a libido a todo vapor e qualquer oportunidade de transar não é desperdiçada. O estímulo da conquista e o desejo de estar com o novo par são presenças fixas na mente de homens e mulheres em início de namoro. 

Porém, com o passar do tempo, o sexo entre o casal deixa de ser novidade e as mudanças que a rotina traz para a relação fazem o desejo diminuir. E o importante, de acordo com especialistas, é entender que a queda da libido não significa ausência de afeto nem motivo para acabar com a relação. 

"Muitos casais avaliam o relacionamento pelo sexo e rompem por estarem incomodados com a frequência que a transa acontece. É um grande erro, pois o sexo é só um dos quesitos que devem ser levados em consideração. Companheirismo, amizade e carinho, por exemplo, também pesam, o que não exclui o fato da falta de libido precisar ser investigada", fala a educadora sexual Débora Pádua. 

Os motivos para a queda do desejo são diversos: desde biológicos, como a depressão, a detalhes da convivência, como dedicar pouco tempo e afeto ao par. Por isso, vale a pena prestar atenção ao seu dia a dia com o parceiro. Às vezes, a questão é simples de ser resolvida. 

"Deve-se considerar a dinâmica do casal que, com o tempo, abandona movimentos de proximidade e sedução. Com isso, deixa de trocar mensagens que produzem expectativas prazerosas e alimentam fantasias, como um beijo fora de hora", afirma Raquel Varaschin, terapeuta de casais e membro da Sbrash (Sociedade Brasileira em Estudos em Sexualidade Humana). Além disso, segundo ela, o apego à rotina, a falta de humor e de criatividade podem massacrar o tesão. 

Segundo o Estudo da Vida Sexual do Brasileiro, conduzido pelo ProSex (Programa de Estudos em Sexualidade) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) em 2009, 22% das mulheres, com idade entre 18 e 80 anos, declararam ter problemas com o desejo sexual. Para o público masculino, os índices não passaram dos 4%. 

De acordo com a psicóloga clínica e especialista em sexologia Sônia Eustáquia, o interesse do homem pelo sexo é constante, independentemente de a parceira inspirar novidades ou um desafio de conquista. "Eles também adoram o novo, mas têm mais facilidade de ter relações duradouras sem perder o desejo. Às vezes, perdem a criatividade nas preliminares ou ficam mais apressadinhos, mas conseguem ter ereção, penetração e orgasmo, normalmente", fala. 

Já para as mulheres, o processo é diferente: elas precisam de mais estímulos. Diante de um longo relacionamento, elas podem enxergar o par de uma maneira cada vez mais fraternal. Nesse processo, o parceiro se torna um importante companheiro de vida e se mantém como um parceiro sexual, mas, agora, de maneira eventual. 

"O desejo só é gatilho para o envolvimento sexual feminino quando a relação é recente. Após um certo tempo, a vontade de sexo é desperta por algum estímulo. Somado a isso, a mulher tem um ciclo hormonal que influencia a libido, o que faz com que o desejo oscile", fala a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do ProSex da USP. 

A médica acrescenta que, em relações longas, as preliminares passam a ser menos elaboradas e valorizadas. "E é justamente nesse momento que a mulher, por ter perdido o desejo espontâneo, necessita de mais dedicação no início do sexo". 

Carmita lembra que a queda do desejo nada tem a ver com o casamento. "Casais de namorados de longa data também deixam de dedicar tempo a si próprios para o encontro com o outro. A garantia de uma relação estável faz com que os momentos para estar junto não sejam mais tão escolhidos e possam acontecer, por exemplo, depois de uma jornada exaustiva de trabalho, o que provoca baixa na excitação". 

Para recuperar a libido, Raquel alerta que é fundamental que exista a vontade de manter a relação. Um par com mágoas e ressentimentos acumulados certamente não conseguirá passar por esse processo. 

"Os casais devem fazer uma autoavaliação do relacionamento e, se necessário, procurar ajuda profissional. Retomar a intimidade, desenvolver novo conhecimento corporal e sexual, compartilhar fantasias e desejos e romper a rotina, mesmo que não seja todos os dias, são estratégias para recuperar o desejo", finaliza a especialista. 

Fonte: http://noticias.bol.uol.com.br

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