As promessas de campanha feitas, em 2014, e ignoradas nos primeiros
meses do segundo mandato, o aumento do custo da energia elétrica, as
medidas do ajuste fiscal, com elevação da carga tributária e redução de
benefícios como o seguro desemprego e da pensão por morte, além da crise
política, fizeram despencar a popularidade da presidente Dilma
Rousseff.
Uma pesquisa do Instituto Datafolha, divulgada, nesta quarta-feira,
aponta que 62% dos brasileiros desaprovam o Governo Dilma. É a maior
rejeição a um presidente da República desde a crise política do início
dos anos 90 que terminou com o impeachment do então presidente Collor de
Mello. A pesquisa foi realizada após as manifestações que levaram mais
de 2 milhões de brasileiros às ruas, no último domingo, em protesto
contra a corrupção, a volta da inflação e o aumento da energia.
Segundo o Instituto Datafolha, a pesquisa feita entre segunda e
terça, revela que 62% dos brasileiros classificam a gestão da presidente
Dilma como ruim ou péssima. Há 22 anos, quando Collor estava prestes a
cair, sua reprovação era de 68%. O Datafolha apurou que, com indicadores
de expectativa econômica batendo recordes negativos, a reprovação de
Dilma subiu 18 pontos na desde fevereiro.
A pesquisa foi feita com 2.842 eleitores logo após as manifestações
de domingo, atos contra Dilma que levaram milhares às ruas. De acordo
com a série do Datafolha, é a primeira vez que a petista enfrenta
insatisfação da maioria da população em relação ao seu governo.
Há outro motivo de preocupação nos números do Instituto Datafolha: a
taxa de aprovação chegou ao ponto mais baixo desde o início de seu
primeiro mandato. Os que julgam sua gestão como boa ou ótima somam 13%. O
percentual é comparável, em termos negativos, aos piores momentos dos
ex-presidentes Itamar Franco (12% de aprovação em novembro de 1993,
época do escândalo do Orçamento, na Câmara) e Fernando Henrique Cardoso
(13% em setembro de 1999, quando a população sentia os efeitos da
desvalorização do Real). Além do próprio Collor na fase pré-impeachment
(9%).
Dilma enfrenta o pior índice de aceitação popular no ciclo de 12 anos
de mandatos do PT: durante os dois mandatos do ex-presidente Lula, a
pior taxa de aprovação foi de 28% (dezembro de 2005) logo após a
cassação do mandato parlamentar de José Dirceu (PT-SP) na Câmara,
acusado de corrupção no mensalão.
A pesquisa do Instituto do Datafolha tem margem de erro de dois
pontos percentuais para cima ou para baixo e mostra deterioração da
popularidade de Dilma em todos os segmentos sociais analisados pelo
instituto. As taxas mais altas de rejeição estão nas regiões
Centro-Oeste (75%) e Sudeste (66%), nos municípios com mais de 200 mil
habitantes (66%), entre os eleitores com escolaridade média (66%) e no
grupo dos que têm renda mensal familiar de 2 a 5 salários mínimos (66%).
Já a maior taxa de aprovação está na região Norte, a menos populosa,
com 21%.
No Nordeste, onde a presidente obteve expressiva votação por sua
reeleição, em outubro de 2014, só 16% aprovam seu governo atualmente.
Nas pesquisas de avaliação de governo, o Datafolha costuma pedir para
os entrevistados atribuírem uma nota de 0 a 10 ao mandatário objeto do
levantamento.
A atual nota média de Dilma é 3,7, também a pior desde sua chegada à
Presidência, em 2011. Em fevereiro a nota média era 4,8. No primeiro
mandato, a pior média apurada foi 5,6, em pesquisas feitas em junho e
julho de 2014.
O Datafolha também perguntou aos entrevistados sobre o engajamento em
atos a favor e contra Dilma: 4% disseram ter participado de algum
evento contra ela no domingo, o que, projetado sobre o eleitorado, dá
5,7 milhões de pessoas. Outros 3% confirmaram participação em atos a
favor dela neste ano, algo como 4,3milhões de pessoas.
Com informações do Instituto Datafolha e Jornal Folha de São Paulo.
Fonte: Ceará Agora