O transplante de coração
pediátrico apresenta mais complicações que o adulto. Segundo os
cardiopediatras, o coração ideal para uma criança é de outra com a mesma idade,
peso, estatura e tipo sanguíneo. Contrariando essas dificuldades, a bebê Ariely
Vitória, de apenas três meses de idade, recebeu um novo coração no mês passado,
no Hospital Dr. Carlos Alberto Studart, em Messejana. Ela foi a criança mais
jovem a receber o órgão na unidade.
O coração doado chegou à unidade
por volta das 19h30 do dia 22 de outubro. O procedimento cirúrgico terminou às
23h, sem complicações. “O médico disse que ela era muito saudável e que o coração
também era muito saudável, então ele conseguiu acompanhar o ritmo dela
rapidamente. Disseram que talvez precisasse ligá-la a uma máquina, mas não foi
preciso”, conta a irmã, Kezia Herculano.
Como o próprio nome, foi uma
vitória para a menina que, desde que nasceu, está internada na UTI pediátrica
do Hospital. Natural de Paraú, no Rio Grande do Norte, Ariely foi transferida
para o Ceará um dia após o parto. Por outro lado, a irmã gêmea dela, Adriely,
nasceu sem complicações de saúde e está sob os cuidados de uma tia na cidade
natal.
Segundo Kezia, Ariely só
sobreviveu porque recebia medicamentos para forçar o coração a bater. “Os
médicos disseram que somente um milagre poderia salvá-la”, explica. Há um mês,
a esperança chegou quando a família foi informada que um coração totalmente
compatível havia sido encontrado. Contudo, assim também veio a frustração,
quando a família doadora voltou atrás.
Na manhã do dia do transplante, a
mãe de Ariely, Mirian Rocha, recebeu a notícia de que um novo coração havia sido
encontrado. Kezia se emociona. “Ficamos muito felizes, mas sabemos que nossa
felicidade é fruto da dor da outra família. Não é uma decisão fácil. Da mesma
forma que pedimos a Deus pela cura da Ariely, pedimos força para a outra
família que perdeu uma criança”.
Fila
De acordo com a enfermeira do
ambulatório do transplante cardíaco pediátrico do Hospital do Coração, Silvânia
Braga, o quadro de saúde de Ariely ainda inspira cuidados devido à idade da
menina. Com a cirurgia dela, a unidade contabiliza cinco transplantes cardíacos
pediátricos somente em 2016. No ano passado, foram realizados apenas dois
procedimentos do mesmo tipo. O total faz parte dos 29 transplantes de coração
já realizados pelo Hospital de Messejana, até a última quinta-feira (17).
Diário do Nordeste
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