Um dos maiores desafios da
educação no Ceará é reduzir as taxas de analfabetismo. Apesar dos avanços em
políticas públicas voltadas para que os estudantes consigam ler e escrever na
idade certa, o Estado tem uma taxa de analfabetismo entre as pessoas de 15 anos
ou mais de 16,5%, de acordo com a Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios
(Pnad), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). Se compararmos com o índice nacional para esta mesma faixa etária, que
foi de 8%, o percentual é quase o dobro
E, se o Brasil conseguiu reduzir
0,3 ponto percentual em relação a 2014 (8,3% ou 13,7 milhões de pessoas), o
Estado apresentou um leve crescimento. São, segundo o levantamento, 1,206
milhão de analfabetos no Ceará em 2015. Em 2014, tínhamos 1,116 milhão de
analfabetos com idade a partir de 15 anos. O que significa um aumento de cerca
de 8%.
A Pnad também revelou que, na
Região Metropolitana de Fortaleza, há 265 mil jovens e adultos que não
conseguem ler e escrever. A taxa de analfabetismo cai para 8,3%. Em2014, eram
268 mil e a taxa era 8,4%. Historicamente, como explica o supervisor de
Documentação e Disseminação da Informação da Unidade Estadual do IBGE no Ceará,
Helder Rocha, as taxas de Fortaleza e Região Metropolitana são melhores que do
Interior do Estado. No entanto, não se registrou um crescimento.
O índice é próximo à média do
Nordeste, que ficou com 16,2%. Mas apesar de registrar a maior queda de
analfabetos na região, passando de 22,4%, em 2004, para 16,2%, em 2015, os nove
Estados ainda são responsáveis pela taxa mais elevadas do País. As menores
taxas continuaram a ser as das regiões Sul (4,1%) e Sudeste (4,3%).
A professora do curso de Letras e
coordenadora adjunta do Programa Nacional de Alfabetização na Idade Certa
(Pnaic) - Ceará, Mônica Serafim, acredita que ainda precisa avançar muito para
conseguir reverter esses índices. Para ela, é preciso formação continuada em
linguagem para o professor, investimento em infraestrutura das escolas e sanar
fatores sociais. “Um aluno com 15 anos teria já que ter concluído o ensino
fundamental. Se ele não é alfabetizado, é preciso ter atratividade em sala de
aula para que ele permaneça na escola. E é preciso também que ele não deixe de
estudar para trabalhar, o que ocorre muito”, justifica.
Monica Serafim confessa que o
maior desafio é a alfabetização, por ser a base de todo o conhecimento. “Se o
aluno não consegue ler e escrever, ele vai ter dificuldade em outras etapas da
vida escolar”, explica ela, que acredita que em 2021 o Ceará poderá sentir uma
redução significativa do analfabetismo a partir dos programas como o Pnaic.
“Fizemos uma previsão para o MEC de que teríamos uma forte redução desses
índices em sete anos” acrescentou.
Em nota, a Secretaria da Educação
do Estado (Seduc) informou que desenvolve ações de combate ao analfabetismo por
meio do Programa Aprendizagem na Idade Certa (Mais Paic), que atualmente,
abrange do 1º ao 9º ano do ensino fundamental. Conforme a avaliação mais
recente (2014), 84,6% das crianças encontram-se alfabetizados ao término do 2º
ano.
Em 2007, esse percentual era de
apenas 39,9%. Reforçou que o número de municípios cearenses no Padrão Desejável
em alfabetização das crianças ao final do 2º ano do ensino fundamental subiu de
1, no início do programa, para 173, em 2014. Em relação à Alfabetização de
Jovens e Adultos, ressaltou que as secretarias municipais são responsáveis
desde 2007.
Diário do Nordeste
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