Jaguaribara. O Castanhão, maior reservatório do Ceará, está
a 100 dias de atingir o volume morto, isto é, a reserva mais profunda. A partir
desse nível, a liberação de água deixa de ser por gravidade e há necessidade de
bombeamento para a transferência para o Rio Jaguaribe, Eixão das Águas e Região
Metropolitana de Fortaleza (RMF), além do Complexo Portuário do Pecém.
Bombeamento
"A situação é muito grave e o sinal de alerta foi dado. Está em
andamento o estudo para a instalação da unidade de bombeamento, mas o projeto
ainda não foi concluído", disse o coordenador interino do Complexo do
Castanhão, Fernando Pimentel.
Segundo Pimentel, a instalação e operação da estação de bombeamento é de
responsabilidade da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). O
Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs) administra o complexo do
Castanhão, que é federal, mas o gerenciamento e operacionalização do uso da
água são feitos pela Cogerh.
O Castanhão acumula cerca de 5,3% do volume total que é de 6,7 bi de metros
cúbicos. Atualmente está com 350 mi de m3. Quando chegar a 250 mi de m3
atingirá o volume morto. "É uma conta simples, direta, a barragem libera
cerca de um mi de m3 por dia, logo, em cem dias chegará ao volume morto",
explicou Fernando Pimentel.
O Castanhão deve atingir o volume morto no fim de fevereiro de 2017, mas
como frisou Pimentel, caso não ocorra recarga no reservatório por meio de
chuvas. A quadra chuvosa no Ceará (fevereiro a maio) está indefinida. Não há
mais configuração do El Niño (aquecimento das águas superficiais do Oceano
Pacífico), mas o La Niña, fenômeno inverso, que favoreceria a ocorrência de
chuvas no sertão cearense, perde forças. Outro indicador, o Oceano Atlântico
Sul Equatorial permanece com temperaturas neutras.
O presidente da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos
(Funceme), Eduardo Sávio, disse anteontem, na abertura do Seminário de Avaliação
da Seca de 2010 a 2016, no Semiárido Brasileiro, realizado, em Fortaleza, que a
situação permanece indefinida. Somente na segunda quinzena de janeiro, a
Funceme irá divulgar o primeiro prognóstico para a quadra chuvosa de 2017.
Desde setembro, o Açude Orós libera água para o Castanhão pelo Rio
Jaguaribe. Em novembro, a vazão foi ampliada para 16m3/s. O Orós está com 16%
da capacidade, de quase 2 bi de m3. No fim deste mês, deve chegar a 10% e no
fim de janeiro ao volume morto.
Diário do Nordeste
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