sábado, 3 de dezembro de 2016

Os avanços do tratamento contra a aids

Mais de 18 milhões de pessoas no mundo já têm acesso à terapia antirretroviral. Cerca de um milhão delas aderiram ao tratamento entre janeiro e junho deste ano. O dobro de dois anos atrás. Os casos de aids continuam a crescer, mas tratar-se contra a doença tem sido mais fácil. Nos últimos anos foram criados medicamentos com menos efeitos colaterais, mais eficácia e que apontam esperança para uma possível cura. A adesão ao tratamento ainda tem percalços, mas o resultado é incomparavelmente mais satisfatório do que há três décadas.

O Dolutegravir é um medicamento que será distribuído, a partir de 2017, a brasileiros que vivem com aids. Por trás do nome difícil, um dos melhores antirretrovirais no mundo. “Caminhamos para uma simplificação da terapia, cada vez com menos comprimidos sendo tomados de uma vez só. Com menos efeitos e menos toxicidade. Hoje, os pacientes não buscam só tratamento, querem qualidade de vida”, afirma a diretora da Sociedade Cearense de Infectologia, Melissa Soares Medeiros.

Para o infectologista do Hospital São José, referência no tratamento contra o HIV, Érico Arruda, o momento atual da luta contra a doença é um marco. “Chegamos a um patamar de conhecimento e disponibilidade de ferramentas, insumos e medicamentos que nos permite, de fato, ver mudança no comportamento da epidemia”, destaca. Os aspectos desta mudança variam desde uma testagem mais rápida e descentralizada até uma sobrevida maior dos portadores.

É possível viver mais, aproveitar mais, se cuidar mais. Hoje, pessoas vivendo com aids podem ficar com o vírus indetectável e diminuir em 90% as chances de transmití-lo. Filhos de mulheres soropositivas não nascem infectadas. Doenças oportunistas encontram bem menos oportunidades para se manifestarem. E, se as pessoas antes tomavam até 20 comprimidos por dia, hoje pode ser somente um, dois, três...

O cenário positivo da Ciência convive, entretanto, com os problemas enfrentados no dia a dia de quem tem a doença. Com mais acesso ao diagnóstico, há ainda mais pessoas a se tratar, mas nem sempre mais rede para ofertar o tratamento. Quem tem o vírus ainda sofre preconceito, ainda espera meses por um medicamento, ainda fica fora do mercado de trabalho. Quem vive com HIV convive com uma doença sem cura e transmissível sexualmente.

O Ciência&Saúde de hoje mostra quais os caminhos de uma adesão eficiente ao tratamento e os benefícios que as drogas pesquisadas e produzidas para combater o vírus proporcionam. Lança ainda apostas de que a cura está breve. Chama também atenção para a necessidade de informar sobre a doença e para as demandas de assistência, seja social ou de saúde.
O Povo

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