quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Tabuleiro de Russas: Famílias ocupam canteiro de obras

 FOTO: RAFAEL CRISÓSTOMO
Limoeiro do Norte Um grupo de 150 pessoas, representando famílias atingidas pelas obras da 2ª etapa do Perímetro Irrigado Tabuleiro de Russas, e da construção da Barragem do Figueiredo, no município de Alto Santo, ocuparam na manhã de ontem, por volta da 5h40min, o canteiro de obras da empresa Andrade Gutierrez, responsável pela construção dos canais que levam água para as áreas. 

Os manifestantes chegaram na madrugada de ontem e querem uma audiência com dirigentes do Dnocs. Reivindicam o cumprimento de pleitos definidos em um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).
 
Os agricultores afirmaram que permanecerão no local após uma audiência com dirigentes do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). A ação foi um meio de pressionar o órgão a cumprir com os acordos realizados com eles e assinados em um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) perante o Ministério Público Federal (MPF), há mais de três anos. 

Parte dos moradores afetados pela construção da barragem ainda não receberam suas residências ou as receberam incompletas, sem instalação de energia, água e saneamento básico. As 22 famílias desapropriadas ainda residem no local, mesmo com a inauguração da obra em junho deste ano. 

A agricultora Antônia Alves de Moura mora em uma das comunidades atingidas pela obra da Barragem, a Lapa, no município de Potiretama. Ela denuncia que das 22 casas prometidas pelo Dnocs, apenas 13 foram entregues sem água, energia. 

"As 13 famílias receberam as chaves, mas ninguém foi morar lá porque não tem água, nem luz, então está todo mundo morando na nossa casa antiga, até eles resolverem essa situação", relata a agricultora. 

Moura teme que o problema não seja resolvido até o início do próximo ano. Segundo ela, caso haja um bom inverno a chuva irá inundar suas antigas casas por conta do barramento do rio. "Aí não vai ter jeito, a gente vai ter que sair", lamenta. 

Abandono 

Além de receberem as casas sem condições básicas de habitação, as famílias também não receberam as terras para plantar. "Precisamos da terra, somos famílias de agricultores e precisamos dela pra trabalhar. A gente ta vivendo de Bolsa Família e Garantia Safra e só, não tem como a gente plantar", conta Moura. 

Além da comunidade da Lapa, em Potiretama, foram atingidas as comunidades de Iracema e Alto Santo. Já é a segunda vez que a agricultora Olíria Maria de Oliveira Souza é retirada da sua casa por conta do Perímetro Irrigado Tabuleiro de Russas. 

A primeira vez ocorreu há 21 anos, quando ela e a família moravam na comunidade de Açude dos Venâncios, que precisou ser desapropriada para construção da 1ª etapa do Perímetro. 

"Vim pra comunidade da Lagoa da Escondida e disseram que agora a gente só saía daqui quando a gente recebesse as casas, só que até agora nada foi feito", reclama Souza. 

Na comunidade de Escondida moravam 12 famílias e restam apenas quatro, entre elas a de Souza, que mora com o esposo, os filhos e um neto, um total de 10 pessoas convivendo juntas sob o mesmo teto. 

A casa é velha e esta cercada de canais e estradas. A agricultora vê as obras passar diante dos seus olhos, mas lamenta não fazer parte dele. 

Em contato com o diretor do Dnocs, Glauco Mendes, ele informou estar em Brasília e que tomou conhecimento da ocupação, mas que não tem conhecimento de detalhes das reivindicações das famílias. 

Mendes garantiu que irá agendar uma reunião hoje pela manhã, em Fortaleza. No encontro, segundo ele, estarão presentes, juntamente com o Diretor Geral do Dnocs, Emerson Fernandes, representantes das famílias atingidas pelas obras, para tratar do assunto em questão.

Fonte: Diário do Nordeste

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