sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Cobrança de energia rural por média de consumo provoca reclamações

A concessionária de energia no Ceará, a Coelce, começou a implantar na zona rural um novo sistema de leitura e cobrança do consumo de energia elétrica. A empresa está adotando a leitura bimestral, onde o consumo mensal será calculado pela média dos dois meses. Porém a medida é vista com desconfiança pelos consumidores. Entre eles, o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Ceará (Fetraece), Luiz Carlos Ribeiro de Lima, defende a cobrança pelo consumo real do serviço. 

O presidente considera não ser justa essa nova forma de cobrança para moradores da zona rural, levando-se em conta o momento precário em que vivem os moradores. "Defendemos que seja pago o consumo real, de preferência com uma política de bônus que venha a facilitar e ajudar os pequenos trabalhadores do campo. O homem do campo ainda sofre com os efeitos da estiagem", afirma. 

Para isso ele espera que possa haver diálogo entre agricultores e a empresa, com participação do governo, através de incentivos. "Apesar de ser uma empresa privada, a gente precisa discutir considerando a realidade do nosso semiárido, eu acho que não é justa qualquer tipo de cobrança superior ao normal num período como esse. É também preciso que haja uma política de incentivo para inversão da cobrança de agricultores do campo. O governo incentiva os grandes produtores, por que não também os pequenos?", questiona. 

Reclamações com relação a atuação da empresa no Interior também parte de outros municípios, que reclamam principalmente da demora no serviço, em alguns deles, relacionados a serviços essenciais. 

De acordo com o presidente da Federação das Associações do Perímetro Irrigado Jaguaribe-Apodi (Fapija), Raimundo César dos Santos, conhecido com Alemão, há diversas reclamações de irrigantes com relação à ligação de novas redes. 

"Você faz um pedido de energia e, segundo a Coelce, ela está dentro do prazo, que é de quatro a cinco meses pra fazer o serviço. Isso é um absurdo para o produtor, pois ele quer plantar, expandir a área, mas para ter a energia, chega de quatro a cinco meses depois. Prejudica a expansão do crescimento. Estamos entrando 2014 com essa mesma situação, no ramo da agricultura", reclama o lider classista. 

De acordo com ele, a queda na qualidade do serviço com relação a pedidos por novas ligações começou a se intensificar no ano passado. "O prazo é injustificável", diz Alemão. Ele ressalta que a situação piora principalmente para produtores que conseguiram financiamentos no banco para produzir e são obrigados a esperar mais de 120 dias pelo acesso a energia. 

Só dentro do Perímetro Irrigado Jaguaribe Apodi são 324 produtores, além das comunidades agregadas, onde atuam 200 produtores, entre pequenos e médios. A área irrigada é de 4 mil hectares. 

Outro fato na demora de ampliação de rede chegou do município de Jaguaribara, onde a demora comprometeu o funcionamento de uma adutora que levaria água para comunidades que sofrem com a seca. O secretário de Agricultura de Jaguaribara, Flavio Araújo, explicou que a adutora está operando com um duplo gerador, que utiliza um motor a diesel como combustível. "A rede de energia da Coelce passa do lado da adutora. Seria necessário ampliar cerca de 500 metros, mas a empresa não ampliou a ligação. A adutora só esta funcionando graças a uma parceria que a Prefeitura fez com a Cagece e a Cogerh, para levar água para as comunidades", reclama ele. 

Segundo o secretário, o pedido foi feito há cerca de três meses. Ele considera um absurdo o prazo de três a quatro meses dado pela empresa para atender ao pedido. "Eles tem que ver que são pessoas que precisam da água, são cerca de 800 famílias que sofrem com o problema. Em novembro, nós fizemos a ampliação da adutora justamente por conta do baixo nível do açude, mas até hoje nada dessa ligação ser feita", conta. 

Para o Araújo, esse tipo de gerador de energia sai mais caro, tanto para Prefeitura, quanto para a população. "O consumo de diesel é maior que o consumo de energia. A Prefeitura fornece óleo e a comunidade complementa financeiramente para fazer funcionar, o duplo gerador gasta mais. O que o consumidor pagava de energia, hoje ele paga mais desse valor", lamenta. 

Fonte: Diário do Nordeste

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