O governo da Indonésia
executou sete dos oito condenados por narcotráfico dentro do país. Dos
que foram fuzilados na tarde desta terça-feira, 28, está o brasileiro Rodrigo Gularte. No entanto, algo chamou atenção, já que no último minuto as autoridades indonésias decidiram poupar a vida de Mary Jane Veloso, de 30 anos, das Filipinas, única mulher dos oito presos.
Mary Jane é mãe de dois filhos e teve uma vida difícil, segundo seus
familiares. Ela deixou a escola quando ainda estava no ensino
fundamental, casou-se aos 16 anos, mas foi abandonada pelo marido com os
dois filhos pequenos e sem condições para criá-los.
Em entrevista
ao The New York Times, a irmã de Mary, Marites Laurente disse que a
renda dependia da venda de lixo encontrado pela rua. “Nós vivíamos de
recolher garrafas e latas na rua para vender para a reciclagem”, disse.
Eles moravam em uma casa de madeira, na estrada, em Cabanatuan, cidade
próxima da capital Manila.
Em 2010, ela recebeu uma oferta de emprego como empregada doméstica
na Malásia e como não havia uma exigência para o cargo, Mary aceitou,
diante da necessidade.
Segundo a família, ela colocou todos seus pertences em uma mochila
infantil e viajou junto com a recrutadora para Kuala Lumpur. Depois de
chegar ao local de destino, Mary foi avisada que o emprego havia sido
cancelado, mas que havia outra vaga, para o mesmo tipo de trabalho, na
Indonésia.
De acordo com os familiares, a recrutadora comprou roupas e mala nova, logo em seguida, Mary embarcou sozinha para a Indonésia.
Ao chegar ao aeroporto de Yogyakarta, foi barrada pelas autoridades, que encontraram 2,6 quilos de heroína na mala.
Mary Jane foi vista pela promotoria do país, como transportadora de
droga e logo foi pedido a pena de morte. Segundo a Época, todo o
processo de seu julgamento foi confuso, já que seu advogado tinha um
inglês muito limitado, e ela também não entendia bem a língua.
Além disso, ela não teve um tradutor para auxiliá-la na hora de prestar depoimento às autoridades, o que comprometeu o direito de defesa. Mesmo assim, em 2010 Mary Jane foi condena à morte.
O presidente das Filipinas, Benigno Aquino, fez três apelos para que a
execução fosse adiada, mas os pedidos foram recusados. O caso provocou
indignação nas Filipinas, familiares e moradores manifestaram-se, mas
nada mudou a decisão das autoridades Indonésias.
Marcada para esta tarde, a execução de Mary e mais sete prisioneiros
estava perto de acontecer, quando uma mulher alegando ser a aliciadora
de Mary Jane se entregou à polícia, nesta terça-feira.
“A execução foi adiada por um pedido do presidente das Filipinas, que
disse que uma traficante de pessoas se entregou com relação ao caso”,
disse Tony Spontana, porta-voz da Procuradoria da Indonésia, segundo o
Jakarta Post.
Segundo ele, a traficante, identificada como Maria Kristina Sergio, alega ser a pessoa que aliciou Mary Jane.
Mary Jane não havia recebido a notícia ainda, quando escreveu uma
carta destinada ao presidente indonésio, a qual pedia que sua vida fosse
preservada para criar seus filhos. “Como mãe, tenho duas crianças que
ainda são pequenas e precisam do amor de uma mãe”. Os dois meninos têm
doze e seis anos de idade e, atualmente, vivem com a avó.
Fonte: O Povo
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