Em um aceno à classe média, a presidente Dilma Rousseff não vai vetar
a regulamentação da proposta que garante direitos das empregadas
domésticas. Com a decisão, Dilma sanciona o texto aprovado pelo
Congresso, que prevê encargos menores aos empregadores.
Em 2013, o Congresso aprovou uma Proposta de Emenda à Constituição,
conhecida como PEC das Domésticas, que consolidou direitos da categoria.
Mas alguns benefícios ainda dependiam de normatização para entrar em
vigor, o que só foi feito agora.
Entre os dispositivos que serão sancionados pela presidente está o
recolhimento devido pelos patrões ao INSS. O texto prevê a redução dessa
alíquota, dos atuais 12% para 8%. Outro ponto de polêmica foi a forma
de compensar o empregado demitido sem justa causa. Pela nova lei, fica
criado um fundo no qual o empregador terá de depositar mensalmente 3,2%
do salário do trabalhador, valor que poderá ser sacado caso ele seja
demitido sem motivo.
Uma proposta que chegou a ser aprovada pela Câmara, mas acabou
derrubada depois pelo Senado, previa que, nessas situações, seria
aplicada uma multa de 40% sobre o FGTS, conforme estabelece a
Consolidação das Leis de Trabalho (CLT).
Durante a tramitação do projeto, a redação foi alvo de uma queda de
braço entre o Senado e a Câmara. Os deputados propuseram que os direitos
das domésticas fossem equiparados aos das demais categorias, mas o
Senado optou por criar mecanismos pelos quais eles podem ser
flexibilizados.
Por causa do ajuste fiscal e do aperto financeiro, o governo fez
muitas contas antes de tomar a decisão sobre a regulamentação da PEC das
Domésticas. Na noite de ontem, porém, os ministros Aloizio Mercadante
(Casa Civil) e Carlos Gabas (Previdência) fecharam acordo com os
senadores. Na avaliação do Palácio do Planalto, Dilma precisa mais do
que nunca recuperar apoio entre setores refratários ao PT, como a classe
média. Esse segmento, segundo diagnóstico do governo, está “divorciado”
da presidente. O aceno faz parte da estratégia de Dilma de melhorar sua
popularidade entre diferentes segmentos: o empresariado, com um plano
de investimentos, e as centrais sindicais, com a apresentação de uma
proposta que termine com o fator previdenciário, fórmula que reduz o
valor das aposentadorias em até 30%.
A sanção da regulamentação da PEC das Domésticas será publicada no
Diário Oficial desta terça-feira. “É um jogo de ganha, ganha”, disse
Romero Jucá (PMDB-RR), relator da proposta no Senado. “Ganha o
trabalhador, o patrão, o FGTS e o INSS”. Jucá afirmou que, como o novo
mecanismo de poupança obrigatória para compensar o pagamento da multa de
40%, em caso de demissão sem justa causa, haverá pacificação das
relações entre patrões e empregados. “Se isso não fosse feito haveria
uma despesa extra, na hora da dispensa, que poderia gerar insegurança
tanto para o trabalhador como para o empregador”.
Fonte: Ceará Agora
Nenhum comentário:
Postar um comentário