O Ceará já tem 4.833 casos de chikungunya confirmados em 2017,
segundo boletim divulgado nesta quarta-feira (19), pela Secretaria de Saúde do
Estado (Sesa). Do total de confirmações 2.678 são moradores de Fortaleza, o que
representa 55,4%. Caucaia aparece em segundo lugar com 792 casos, seguido de
Baturité, com 345. Uma pessoa morreu.
Em 14 de março, a Secretaria de Saúde havia confirmado 661
casos da doença. Comparando com o número divulgado nesta quarta-feira, em pouco
mais de um mês, o número de casos da doença cresceu 631%. A vítima que morreu
pela doença este ano é uma mulher de 66 anos do Bairro Álvaro Weyne, de acordo
com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS).
A infecção pelo vírus chikungunya provoca sintomas parecidos
com os da dengue, porém mais dolorosos. No idioma africano makonde, o nome
chikungunya significa "aqueles que se dobram", em referência à
postura que os pacientes adotam diante das penosas dores articulares que a
doença causa.
Em compensação, comparado com a dengue, o novo vírus mata
com menos frequência. Em idosos, quando a infecção é associada a outros
problemas de saúde, ela pode até contribuir como causa de morte, porém
complicações sérias são raras, de acordo com a Organização Mundial da Saúde
(OMS).
Como as pessoas pegam o vírus?
Por ser transmitido pelo mesmo vetor da dengue, o mosquito
Aedes aegypti, e também pelo mosquito Aedes albopictus, a infecção pelo
chikungunya segue os mesmos padrões sazonais da dengue. O risco aumenta,
portanto, em épocas de calor e chuva, mais propícias à reprodução dos insetos.
Eles também picam principalmente durante o dia. A principal diferença de
transmissão em relação à dengue é que o Aedes albopictus também pode ser
encontrado em áreas rurais, não apenas em cidades.
O chikungunya tem subtipos diferentes, como a dengue?
Diferentemente da dengue, que tem quatro subtipos, o
chikungunya é único. Uma vez que a pessoa é infectada e se recupera, ela se
torna imune à doença. Quem já pegou dengue não está nem menos nem mais
vulnerável ao chikungunya: apesar dos sintomas parecidos e da forma de
transmissão similar, tratam-se de vírus diferentes.
Quais são os sintomas?
Entre quatro e oito dias após a picada do mosquito
infectado, o paciente apresenta febre repentina acompanhada de dores nas
articulações. Outros sintomas, como dor de cabeça, dor muscular, náusea e
manchas avermelhadas na pele, fazem com que o quadro seja parecido com o da
dengue. A principal diferença são as intensas dores articulares.
Em média, os sintomas duram entre 10 e 15 dias, desaparecendo
em seguida. Em alguns casos, porém, as dores articulares podem permanecer por
meses e até anos. De acordo com a OMS, complicações graves são incomuns. Em
casos mais raros, há relatos de complicações cardíacas e neurológicas,
principalmente em pacientes idosos. Com frequência, os sintomas são tão brandos
que a infecção não chega a ser identificada, ou é erroneamente diagnosticada
como dengue.
Segundo o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da
Saúde, Jarbas Barbosa, é importante observar que o chikungunya é "muito
menos severo que a dengue, em termos de produzir casos graves e
hospitalização".
Tem tratamento?
Não há um tratamento capaz de curar a infecção, nem vacinas
voltadas para preveni-la. O tratamento é paliativo, com uso de antipiréticos e
analgésicos para aliviar os sintomas. Se as dores articulares permanecerem por
muito tempo e forem dolorosas demais, uma opção terapêutica é o uso de
corticoides.
Apesar de haver poucos riscos de formas hemorrágicas da
infecção por chikungunya, recomenda-se evitar medicamentos à base de ácido
acetilsalicílico (aspirina) nos primeiros dias de sintomas, antes da obtenção
do diagnóstico definitivo.
Como se prevenir?
Sobre a prevenção, valem as mesmas regras aplicadas à
dengue: ela é feita por meio do controle dos mosquitos que transmitem o vírus.
Portanto, evitar água parada, que os insetos usam para se
reproduzir, é a principal medida. Em casos específicos de surtos, o uso de
inseticidas e telas protetoras nas janelas das casas também pode ser
aconselhado.
Quando surgiu o vírus?
O vírus chikungunya foi identificado pela primeira vez entre
1952 e 1953, durante uma epidemia na Tanzânia. Mas casos parecidos com essa
infecção – com febres e dores nas articulações – já haviam sido relatados em
1770.
Na Ásia, a doença foi detectada pela primeira vez em 1960,
durante um surto na Tailândia, e durante as décadas de 1960 e 1970, na Índia.
Em 2007, foram identificados os primeiros casos de transmissão na Europa, no
norte da Itália. Em dezembro de 2013, o vírus finalmente chegou à América,
quando casos foram identificados na ilha de São Martinho (ou Saint-Martin), nas
Antilhas. Atualmente, existe um surto da doença em vários países do Caribe.
G1/CE
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