O estado do Ceará registra neste ano
mais de 11 mil casos da Doença Diarreica Aguda (DDA) — conhecida erroneamente
como “virose da mosca”. Com isso, os números mais que dobraram, pulando de
4.971 casos para 11.106 (crescimento de 123%). Os dados foram divulgados na
planilha de doenças de notificação compulsória da Secretaria de Saúde do Estado
do Ceará (Sesa). O documento é referente ao período de 6 a 12 de janeiro deste
ano.
De acordo com informações publicadas
na planilha da Sesa, o Ceará registrou um surto de DDA, no município de
Maranguape em 2019. Apesar do fato, a coordenadora da Vigilância em Saúde do
Ceará, Daniele Queiroz, explica que "esse surto não vai conseguir dimensionar
a importância epidemiológica que estamos vivendo com essa doença". Porém,
náuseas, vômito, febre e dor de cabeça também podem ser sintomas da
"virose".
Apesar da denominação popular, a
doença não é transmitida pela mosca. O contágio da virose é através do contato
interpessoal, seja ele direto ou indireto. Por isso, a principal forma de
evitar a doença é com atenção aos hábitos saudáveis de higiene (lavar as mãos,
os alimentos, utilizar álcool em gel etc.).
Em Fortaleza, além da pré-estação das
chuvas, outra situação liga o alarme para o aumento do contágio. Devido ao
acúmulo de lixo nas ruas da Capital, a presença das moscas é ainda mais
visível. Com isso, a população tem relacionado a grande quantidade de lixo
jogada nas vias públicas com as centenas de casos já registrados da ‘virose da
mosca’.
O coordenador da Atenção Primária à
Saúde de Fortaleza, Rui de Gouveia, explica que não há um “nexo causal” entre o
lixo acumulado e o aumento dos casos da virose — mas ele explica a correlação
existente. “A grande maioria das DDAs é causada por vírus. No lixo, não tem
nenhum vírus vivo porque as condições do lixo não permitem. Entretanto, naquele
material, você encontra uma grande proliferação de bactérias”, enfatiza o
especialista.
Contudo, o médico revela que as
bactérias conseguem se proliferar no lixo, como por exemplo, nos restos de
comida e fezes de cachorro presentes. “Quando a mosca pousa naquelas fezes, a
bactéria vai aderir as patas da mosca. E se aquela mosca voar e pousar em
alguma comida, a bactéria vai para o
alimento, que fica contaminado. A bactéria vai se multiplicar, vai produzir
toxinas, e as toxinas vão causar doença diarreica aguda”, complementa Rui sobre
a correção.
Prevenção
Em relação aos modos de evitar a DDA,
higiene é a principal alternativa, porém, uma vacina auxilia os hábitos
higiênicos na missão de proteger a população contra a “virose da mosca”. Porém,
a DDA é causada por mais de um tipo de vírus — além das bactérias.
“O rotavírus causa a DDA, e nós temos
uma vacina (contra essa variação de vírus) que existe no calendário vacinal
normal do Ministério da Saúde, e que ajuda a prevenir, a doença diarreica
aguda, que inclusive é uma das mais graves”, completa Rui.
Contudo, ele explica que existem
outras mutações virais que também causam a DDA. “Echovirus, coxsackievirus,
adenovirus. Todos podem causar DDA, entretanto, o que causa a mais grave é o
rotavírus”, complementa o especialista.
Tratamento
A estudante Flora Maria já sofreu com
a DDA por mais de uma vez. Com o surto de 2019, ela revela a preocupação em ser
infectada novamente. “Eu tive duas vezes em um intervalo de um mês, no mesmo
ano. Estou me cuidando para não pegar de novo”, completa.
“As duas vezes começaram com uma
tontura muito grande, muito vômito, muita dor de cabeça, durante uns cinco
dias, cada uma das vezes. A dor de cabeça era muito forte no começo, e meu
corpo ficou muito fraco”, complementa a estudante.
Em relação ao tratamento, Flora
contou que não se alimentava normalmente, mas tomava bastante líquido para se
recuperar. “Muito soro, muita água de coco para ver se eu melhorava”, explica
Flora sobre o processo de recuperação, onde ela também tomou soro com sais de
reidratação.
G1/CE
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