Barbalha. O setor canavieiro no Estado do Ceará será
reativado nos próximos dias, com o início da moagem para fabricação de
álcool na Usina Cariri II, em Ubajara, a segunda unidade da Usina Cariri
do Ceará. Adquirida por um grupo de empresários de vários Estados do
Brasil, por cerca de R$ 24 milhões, a agroindústria é a segunda
adquirida pelos empresários no Estado. A primeira foi a antiga Usina
Manoel Costa Filho. A meta é produzir, neste ano, cerca de 6 milhões de
litros de álcool e aumentar o consumo no Ceará, reduzindo o preço na
bomba em até R$ 1,00.
Atualmente, grande parte do etanol consumido no Ceará é adquirida no
Estado de São Paulo. Para o diretor comercial da agroindústria, Henrique
Paulo Santana, este será o grande passo no qual os empresários apostam,
por ter havido uma estagnação na produção do álcool e também do açúcar
no Estado. Já no Município de Barbalha, onde se encontra a Usina Cariri,
os empresários pretendem ocupar uma faixa de terra de 3 mil hectares,
com o plantio de novos cultivares de cana clonadas. Os experimentos das
mudas adaptadas ao clima e solo da região estão sendo feitos por meio da
empresa BioClone, que atua na área da biotecnologia no Ceará.
Solenidade
No Cariri, a usina foi formalizada com a nova denominação há cerca dois
meses, em solenidade realizada na própria Agroindústria. Com o fim do
contrato de comodato de quatro meses com a Agência de Desenvolvimento do
Estado do Ceará (Adece), ela passará a ser uma sociedade anônima de
capital fechado. Foi adquirida por meio de leilão pelo órgão estadual
por R$ 15,4 milhões, na tentativa de reativar o setor, no fim do
primeiro semestre de 2013. Por mais de um ano se tentou negociar a usina
desativada no Cariri há mais de dez anos.
Uma solenidade chegou a ser realizada, em novembro do ano passado, para
formalizar a nova empresa. No local, até o momento, foi realizada
apenas limpeza e uma avaliação inicial do maquinário. Conforme o
diretor, muito do que existe no local, em termos de equipamentos, será
aproveitado e haverá grandes investimentos para o retorno do
processamento da cana. Ele afirma que serão adquiridos materiais de
ponta para que a usina volte a funcionar.
Ainda não foi realizado um levantamento para o montante que será gasto
no funcionamento da agroindústria. Inicialmente, o próprio governo
falava num investimento de até R$ 170 milhões. Até o momento, o que se
pretende é dinamizar a cultura da cana, com plantio em áreas da região.
Há a perspectiva de mobilização, por meio de empregos diretos e
indiretos, de cerca de 3 mil pequenos produtores. A ideia é também
ocupar, por meio de arrendamentos de pequenas áreas, 2,5 mil ha, além
dos 3 mil adquiridos pela própria usina.
Tecnologia
Serão mais um ano e dois meses pela frente de cultivo da cana até que
haja o produto para a moagem. Para isso, segundo Henrique, haverá um
trabalho conjunto de profissionais experientes da região com o uso da
tecnologia de ponta para a produtividade avançar. Ele disse que há muito
que ser feito pela frente. Os antigos funcionários da usina estão sendo
consultados, no sentido de propiciar um andamento mais eficaz das
atividades.
A meta é finalizar, ainda neste semestre, a fase burocrática para o
fechamento das negociações da usina junto ao governo do Estado. A Cariri
II, antiga Usina São Francisco, será liquidada num período de 25 meses,
mas já começa a funcionar, com emprego de mão-de-obra local.
De acordo com Henrique, os novos investidores do setor canavieiro são
usineiros e empresários de outros setores, de São Paulo e Estados do
Brasil. Segundo ele, se detectou uma deficiência de álcool no Nordeste
e, principalmente, a desativação do setor no Ceará. "Houve um momento de
paralisação, mas agora entra com 10 anos na frente", aposta o
empresário.
Mesmo com o quadro de seca enfrentado no Ceará e no Nordeste brasileiro
e a perspectiva de funcionamento do Cinturão das Águas, com a
Transposição do Rio São Francisco, previsto para o fim deste ano, o
diretor comercial admite que o planejamento, neste momento, está focado
na mecanização agrícola e na irrigação. Seriam os meios mais seguros
para garantir as primeiras safras. O início da nova fase de produção de
álcool no Estado será com lançamento oficial nos próximos dias. A
produção deverá entrar no mercado já reduzindo o preço do álcool.
Elizângela Santos
Colaboradora/DN
Colaboradora/DN
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