O delator Pedro Barusco, ex-gerente da diretoria de Serviços
da Petrobras, afirmou em delação premiada que, no período de 2003 a
2013, o PT recebeu entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões em propina de
90 contratos firmados pela estatal. Pelo menos US$ 50 milhões deste
montante teriam passado pelas mãos do atual tesoureiro do PT, João
Vaccari Neto. Os contratos incluem obras como a Refinaria Abreu Lima, em
Pernambuco, e a Repar, no Paraná.
Os depoimentos de Barusco, prestados em novembro do ano
passado, foram divulgados nesta quinta-feira pela Justiça Federal do
Paraná. Foi através de informações fornecidas por Barusco que
a Polícia Federal deflagrou, entre outras, a nona fase da Operação Lava-Jato, que nesta quinta-feira cumpriu mandatos em São Paulo, Rio, Bahia e Santa Catarina, além de levar João Vaccari para depor.
De acordo com a delação, quando indagado pelo delegado da
Polícia Federal sobre o quanto João Vaccari Neto recebeu em nome do
Partido dos Trabalhadores pelos 90 contratos, Barusco afirmou que
Vaccari recebeu, “a título de propina”, aproximadamente US$ 50 milhões.
Barusco estimou no depoimento que foi pago o valor aproximado de US$ 150
milhões a US$ 200 milhões de dólares ao Partido dos Trabalhadores, “com
a participação de João Vaccari Neto”.
Barusco afirmou ainda nos depoimentos que, no período em que
atuou como gerente Executivo de Engenharia da Petrobras entre 2003 e
2011, os pagamentos de propinas eram feitos diretamente a Renato Duque
(ex-diretor de Serviços), Vaccari Neto e Paulo Roberto Costa, ex-diretor
de Abastecimento da Petrobras.
Ele disse que, nos contratos da Diretoria de Abastecimento, a
propina era de 2%. Destes, o ex-diretor Paulo Roberto Costa controlava
1% dos valores e o outro 1% era para o PT. Na parte que cabia ao
partido, João Vaccari ficava com 0,5% e a “casa”, representada pelo
ex-diretor de Serviços, com o outro restante. Em um dos depoimentos,
prestado no dia 24 de novembro, Barusco disse que, esporadicamente, os
ex-diretores da Petrobras Jorge Luiz Zelada e Roberto Gonçalves
participavam da divisão.
Barusco relatou ainda um episódio em que Vaccari teria recebido diretamente do estaleiro Kepell Fels US$ 4,523 milhões.
“No caso da OAS o Vaccari Neto tratava diretamente o valor
da propina para o PT com o Leo Pinheiro, presidente da empreiteira”,
contou o delator.
SEMANADA DE R$ 50 MIL
Barusco relatou ainda que seu ex-chefe, o então diretor de Serviços Renato Duque,
pedia semanalmente R$ 50 mil em dinheiro de propina
cobrada em contratos com a Petrobras e que continuou a recebê-las em
conta no exterior, mesmo depois de ter deixado o posto, em 2012. Barusco
disse que Duque não precisava exigir dos empresários o pagamento de
propina, pois ele era endêmico na Petrobras e “fazia parte da relação”.
Fonte: http://oglobo.globo.com
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