O médico Tom Catena lembra de um "dia típico" nas
montanhas Nuba, no Sudão, quando ele desejou, por um momento, que o velho caça
das Forças Armadas sudanesas que sobrevoava a área bombardeando alvos inimigos
despejasse a bomba incendiária sobre sua cabeça.
Naquela região verde esquecida pelo mundo, próxima à
fronteira com o Sudão do Sul, a etnia nuba vive desde 2011 em meio ao fogo
cruzado entre as forças governamentais e a guerrilha Frente Revolucionária do
Sudão, que busca derrubar o presidente Omar al-Bashir, no poder desde 1978
quando liderou um golpe militar que derrubou o governo democrático do
primeiro-ministro Sadiq al-Mahid.
O dia ainda estava na metade e o missionário americano,
único médico para uma população de 750 mil pessoas, já havia perdido quatro
pacientes, dois deles crianças.
— Olhei pra cima e falei: jogue esta bomba em cima de mim.
Porque esta dor é demais. É a dor mais excruciante que você pode imaginar. Ver
seus pacientes morrerem é a parte mais difícil do meu trabalho.
Foto: MARCIA BIZZOTTO/BBC BRASIL
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