Quatro dos
sete ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) devem abrir caminho hoje
para a absolvição da chapa Dilma-Temer. A maioria do pleno divergiu do relator
Herman Benjamin e se manifestou ontem, informalmente, a favor da retirada das
delações do processo de investigação no Tribunal.
A
medida, que deve ser acatada por maioria do TSE, faz parte de uma das
preliminares das defesas de Michel Temer (PMDB) e da ex-presidente Dilma Rousseff
(PT) com objetivo de anular ou retardar o julgamento. A posição da relatoria
havia sido pela rejeição da questão.
O posicionamento de cada
ministro, a se confirmar hoje no ato do voto, deve indicar uma primeira vitória
do presidente no julgamento.
Com a retirada dos depoimentos dos executivos da Odebrecht do processo,
as bases do voto perdem substância e pode facilitar uma absolvição da chapa, é
o que prevê a especialista em Direito eleitoral Isabel Mota.
“Se a Corte entender por excluir, e é o caminho mais previsível, a
condenação em si fica menos provável porque o acervo (de provas) fica menos
substancioso”, argumenta.
Mota, no entanto, avalia que a possibilidade de não considerar os
chamados “fatos novos” em um processo como esse é defendido por uma corrente
forte dentro do judiciário e não chegaria a ser algo anormal.
“O ministro Herman tem entendimento de que é possível alargar (apensar
fatos novos ao processo), que foi mencionado algo que foi possível chegar a
outro fato. Mas existe uma corrente maior defendendo o contrário”, ressalta a
advogada.
Relatório
Defendendo o uso das delações da empreiteira, o relator argumentou que a
Odebrecht foi citada na petição inicial e que não haveria condições de
investigar a corrupção na Petrobras sem considerar a empresa.
O relator alegou que os advogados queriam excluir a empreiteira do
processo porque “a prova é oceânica, a prova é de documentos”. “Essa é a
razão”, afirmou.
Herman, que deve concluir seu voto na sessão de hoje, deu os primeiros
argumentos de que houve abuso de poder econômico na campanha de 2014. “As
empresas tinham uma conta-corrente de propina, e os marqueteiros tinham com o
partido um fundo rotativo. É difícil acreditar que esse relacionamento de fundo
rotativo era só do partido do governo”, disse.
Benjamin ressaltou, em seu voto, o ineditismo do julgamento de uma chapa
presidencial. “É um milagre. Não era para ser. Não haverá outra oportunidade
para apurar fatos dessa natureza aqui” no TSE.
Segundo ele, no caso da Odebrecht havia um esquema de proteção e
sofisticação específico que só veio à tona com a Lava Jato.
Saiba mais
A campanha de Dilma Rousseff (PT) nega qualquer irregularidade e
sustenta que todo o processo de contratação das empresas e de distribuição dos
produtos foi documentado e monitorado.
A defesa do presidente Michel Temer sustenta que a campanha eleitoral do
PMDB não tem relação com os pagamentos considerados suspeitos. De acordo com os
advogados, não se tem conhecimento de qualquer irregularidade no pagamento dos
serviços.
O Povo
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