A presidente Dilma Rousseff recorreu, na noite desse domingo, à rede
nacional de rádio e televisão, para prestar uma homenagem ao Dia
Internacional da Mulher, defender as medidas econômicas adotadas pelo
Governo Federal e defender o combate à corrupção. Foram 15 minutos de
pronunciamento – o primeiro do atual mandato e, talvez, o mais longo da
história mais recente da política brasileira. Em meio a crise que o País
enfrenta, a presidente Dilma Rousseff troca a cor vermelha do PT, que
sempre usou em seus pronunciamentos, pela cor verde.
Dilma colocou, também, em pauta, o escândalo da Petrobras e tentou
vender para os brasileiros a idéia de que o seu Governo não compactua
com a corrupção na estatal de petróleo e está comprometido com as
medidas para a Justiça ser feita e os corruptos pagarem pelos desvios de
conduta e de dinheiro.
Ao mesmo tempo em que tentava atrair a atenção dos ouvintes e
telespectadores, Dilma fazia esforço para convencer os brasileiros a
terem paciência e compreensão com as medidas que são necessárias para
equilíbrio das contas do Governo Federal. Simultâneo ao pronunciamento,
surgiram manifestações de motoristas com buzinaço, panelaço e vaias em
várias cidades brasileiras. São os sinais mais contundentes da
insatisfação da população.
Entre as medidas, estão a redução do número de parcelas do seguro
desemprego, alteração na concessão da pensão por morte e, no segundo
pacote fiscal, aumento da carga de impostos sobre a folha de salários
das empresas. Essa proposta, que chegou ao Congresso Nacional por meio
de uma Medida Provisória, foi devolvida ao Palácio do Planalto pelo
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB). Renan justificou que
aumento ou criação de tributos não pode ser feito por meio de Medida
Provisória.
Dilma defendeu o ajuste fiscal, pediu apoio da população e do
Congresso na implementação de medidas que afetam a “todos” e disse que
as críticas contra o governo são “injustas”. Assim que o pronunciamento
teve início, motoristas deram início a um buzinaço pelas ruas de ao
menos 12 capitais: São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro,
Vitória, Curitiba, Porto Alegre, Goiânia, Belém, Recife, Maceió e
Fortaleza. Os protestos durante o pronunciamento foram convocados ao
longo do dia em redes sociais e em aplicativos de conversas via celular.
Em São Paulo, das janelas dos prédios, moradores batiam panelas e
xingavam a presidente enquanto piscavam as luzes dos apartamentos. Em
Pinheiros, zona oeste, as buzinas e gritos de “Fora, Dilma!” e “Fora,
PT!” duraram até três minutos depois do final da transmissão.
Os protestos ocorreram em várias regiões da cidade, sobretudo nos
bairros de classe média e alta. A Folha obteve relatos de manifestações
em Santana (zona norte), Mooca, Tatuapé e Jd. Anália Franco (zona
leste), Higienópolis (centro), Pompeia, Perdizes, Morumbi, Jardins e
Vila Madalena (zona oeste) e Moema e Brooklin (zona sul).
O Palácio do Planalto não quis comentar as vaias. Em fevereiro,
pesquisa Datafolha registrou queda de 19 pontos na aprovação da
presidente em relação a dezembro de 2014. Desde então, o governo
enfrenta deterioração nos índices econômicos e crescentes dificuldades
na relação com partidos aliados.
Fonte: Ceará Agora
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