Os três empréstimos feitos às distribuidoras, que somam R$ 21,2
bilhões, vão custar aos consumidores mais de R$ 34 bilhões por conta dos
juros cobrados pelos bancos. O impacto na tarifa, apenas do pagamento
do financiamento, será de reajuste médio de 8% por ano, totalizando um
efeito de até 55% de aumento médio nas contas de luz dos brasileiros.
Os empréstimos são relativos à forma que o governo federal encontrou
para socorrer as distribuidoras sem fazer aportes do Tesouro Nacional.
As concessionárias ficaram descontratadas — sem ter como comprar energia
suficiente nos leilões — e precisaram recorrer ao mercado de curto
prazo, pagando a energia mais cara do mercado, a das termelétricas. Para
cobrir o rombo, o governo criou a conta ACR, administrada pela Câmara
de Comercialização de Energia Elétrica, e conseguiu três empréstimos em
vários bancos. O primeiro, de R$ 11,2 bilhões; o segundo, de R$ 6,6
bilhões; e o último, concretizado este mês, de R$ 3,4 bilhões.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou ontem que, ao
valor total, de R$ 21,2 bilhões, serão acrescidos R$ 12,8 bilhões, ou
37,7%, de juros. No total, as distribuidoras vão arrecadar dos
consumidores R$ 37,4 bilhões durante os 4,5 anos em que o empréstimo
será amortizado, sendo que serão pagos R$ 34 bilhões aos bancos. A
diferença, de R$ 3,4 bilhões, é uma reserva de recursos, equivalente a
10%, e que precisa ficar na conta como garantia. Segundo a Aneel, esse
valor será devolvido aos consumidores ao fim da operação.
Efeitos
Para o gerente de regulação da Safira Energia, Fábio Cuberos, todos
os efeitos sobre o setor elétrico vão representar até 55% de aumento nas
tarifas este ano. “Só os empréstimos teriam um impacto de 30%, se
fossem pagos de uma vez. Como o pagamento será diluído em 54 vezes, vai
representar até 8% de aumento. Contudo, é preciso somar aí, as revisões
ordinárias, a inflação, e as bandeiras tarifárias”, enumerou.
Não à toa, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) revisou sua
estimativa de consumo no Brasil, de 3,2% para 0,5% este ano. Além de
incorporar a redução na perspectiva de crescimento da economia, a nova
estimativa leva em conta o aumento nos preços da energia elétrica.
Com informações do Correio Braziliense
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