O mercado de trabalho formal no Brasil fechou 111 mil vagas no mês de
junho, informou ontem o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O
resultado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) é o
pior para o mês da série histórica, iniciada em 1992. No semestre, o
País fechou 345 mil vagas, o pior resultado desde 2002.
A última vez que o mês de junho apresentou saldo negativo foi também
em 1992, há 23 anos, quando foram fechados 3,7 mil postos. Desde então, o
mês é tradicionalmente marcado por um número maior de contratações do
que de demissões. No mesmo mês do ano passado, por exemplo, o saldo foi a
abertura de 25 mil vagas.
O número ruim de junho teve forte influência da indústria de
transformação, que apresentou saldo negativo de 64 mil postos de
trabalho. O setor teve retração no emprego em todas as áreas, sem
exceção, com destaque para as indústrias metalúrgica, mecânica, de
materiais, de transporte e têxtil.
O setor de serviços foi o segundo que mais fechou vagas no mês
passado, com menos 39 mil empregos, seguido pelo comércio, que fechou
25,6 mil vagas, e pela construção civil, que teve resultado negativo em
24 mil postos formais de trabalho. O resultado para o mês só não foi
pior, porque a agricultura registrou um saldo positivo de 44,6 mil novas
vagas.
Deterioração
Na avaliação do economista-chefe da Sulamérica Investimentos, Newton
Camargo Rosa, a deterioração progressiva do mercado de trabalho vai se
prolongar. “A economia está passando por um ajuste significativo, fruto
dos erros cometidos na política econômica num passado recente”, afirmou.
“Não vejo o mercado de trabalho se recuperando tão rápido”, completou.
O professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) e sócio da
Macrosector Consultores, Antônio Correia de Lacerda, prevê que o número
de trabalhadores sem emprego em 2015 deverá atingir a marca de 1 milhão
de pessoas. Para ele, o quadro de desemprego em aceleração só deverá
começar a se reverter no fim de 2016. O emprego e a renda estão ligados à
atividade econômica, disse Lacerda, e o Produto Interno Bruto (PIB)
deverá cair 2% neste ano.
Os dados divulgados pelo Ministério do Trabalho também mostram que,
pela primeira vez desde 2003, quando se iniciou o governo do PT, os
salários médios dos trabalhadores no momento da admissão apresentaram
queda real no primeiro semestre. A média para os primeiros seis meses do
ano caiu de R$ 1.271,10 por trabalhador em 2014 para R$ 1.250,39 neste
ano.
São Paulo
No mês passado, o Estado de São Paulo fechou 52,3 mil postos de
trabalho com carteira assinada. O número é quase quatro vezes maior que o
apresentado pelo Rio Grande do Sul, que encerrou 14 mil vagas,
respondendo pelo segundo pior dado do País.
No mês passado, apenas seis Estados contrataram mais do que
demitiram. O destaque positivo ficou com Minas Gerais, que criou 9,7 mil
novas vagas. Em junho, no Ceará, houve a ampliação de 1.222 empregos
celetistas, equivalentes ao aumento de 0,10% em relação ao estoque de
assalariados com carteira assinada do mês anterior, segundo dados do
Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), divulgado nesta
sexta-feira (17/7), pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
O desempenho foi proveniente do crescimento do emprego principalmente
nos setores da construção civil (+1.099 postos), dos serviços (+836
postos) e da agropecuária (+486 postos), cujos saldos superaram a queda
nos setores da indústria de transformação (-717 postos) e do Comércio
(-452 postos).
Nos últimos doze meses, verificou-se crescimento de 2,00% no nível de
emprego ou +23.990 postos de trabalho, que corresponde a maior criação
de empregos da região Nordeste.
Fonte: Ceará Agora
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