O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou na manhã
desta sexta-feira (28) que, se for preciso, poderá disputar a
Presidência da República em 2018. Esta é a primeira vez que ele
falou publicamente sobre a possibilidade de se candidatar.
"Não
posso dizer que sou, nem que não sou [candidato]. Sinceramente, espero
que tenha outras pessoas para serem candidatas. Agora, uma coisa pode
ficar certa. Se a oposição pensa que vai ganhar, que não vai ter disputa
e que o PT está acabado, ela pode ficar certa do seguinte: se for
necessário, eu vou para a disputa e vou trabalhar para que a oposição
não ganhe as eleições", afirmou Lula em entrevista à Rádio Itatiaia, de Belo Horizonte, na cidade de Montes Claros (417 km de Belo Horizonte).
Ontem, o ex-presidente participou de evento na cidade mineira que serviu de estreia para as viagens que ele fará pelo país para tentar melhorar a imagem do PT.
A fala de Lula se deu após questionamento sobre a possibilidade de
impeachment da presidente Dilma Rousseff. Segundo Lula, a oposição tem
de "esperar 2018", aludindo à próxima eleição para a Presidência da
República. Pesquisa do instituto Datafolha divulgada em junho
mostra que, se as eleições fossem hoje, Lula teria 25% das intenções de
voto, mas seria derrotado pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), que teria
35% das intenções. Se o candidato fosse o governador paulista Geraldo
Alckmin (PSDB), Lula venceria: 26% das intenções de voto contra 20% do
tucano, que seria superado ainda por Marina Silva (PSB-AC), com 25%.
"A oposição tem que ter paciência neste país. Eu perdi três eleições,
voltava para casa. Eu não ficava xingando as pessoas. Eu não ficava
falando palavrão. Eu ia para casa me preparar. Como diria o [Leonel]
Brizola [1922-2004], se estive vivo, eu ia para casa lamber minhas
feridas, ou seja, para me preparar para a outra eleição. Foi assim que
eu fiz durante 12 anos. A oposição precisa parar de resmungar, tem de
parar de xingar a presidenta, ela tem que torcer para que esse país
melhore", afirmou.
O ex-mandatário afirmou ainda que a população do Brasil não "aceita golpe'.
"Ninguém quer mais golpe neste país. Quem quiser ser candidato à
Presidência da República que espere 2018, dispute democraticamente e vê
se ganha as eleições", afirmou.
Lula ainda alfinetou a oposição
ao afirmar que ela nunca "fez nada por esse país" e que governava apenas
para "um terço da população".
Ele disse não acreditar na interrupção do mandato de Dilma antes do término dele.
"Não acredito em impeachment da presidente Dilma. Acredito que as
dificuldades que nós estamos passando agora serão vencidas na medida que
a economia comece a se recuperar e os programas anunciados pela
presidenta Dilma comecem a dar resultado', disse Lula.
Lula
também defendeu a Petrobras e as investigações que versam sobre
corrupção nas esferas públicas do governo. Ele afirmou que as
administrações petistas permitiram a criação de instrumentos para a
investigação dos casos de corrupção.
"PT cometeu desvios"
O ex-presidente avaliou que o PT "cometeu desvios" porque "passou a
fazer política igual aos outros partidos políticos. O PT era para ser
diferente de verdade", declarou.
"Teve gente do PT que errou,
teve. Eu dizia, quando estava na presidência, que só tem um jeito, neste
país, de você não ser molestado por uma investigação, é você ser
honesto", afirmou.
Lula ainda declarou que Dilma não era conhecedora dos desvios de dinheiro público na Petrobras.
"Gostaria de ter sabido antes. A Polícia Federal não sabia, o
Ministério Público não sabia, a direção da Petrobras não sabia. Só se
ficou sabendo depois que houve um grampeamento e pegou o [doleiro]
Alberto Youssef, que já tinha muitas passagens pela polícia, falando com
outros caras", afirmou.
Palpites
O ex-presidente
ainda disse que passará a falar mais com a imprensa para, segundo ele,
rebater "palpiteiros" e que fiou mais quieto quando deixou o cargo de
presidente da República para não ficar dando "palpites".
"Desde
que eu deixei a Presidência, eu tomei uma decisão de não dar mais
entrevistas, porque quem tem que governar é a Dilma. Eu não posso ficar
dando palpite. Eu, sinceramente, estou até com saudade de um microfone
(....). Eu vou voltar a falar, dar palpite nas coisas, porque eu vejo
muita gente que já governou esse país, eu vejo muita gente que já foi
deputado, eu vejo muita gente que já foi governador e que não fez nada e
agora fica dando palpite como se fosse salvador da pátria. Então ele
pode ficar certo do seguinte: o Lula vai voltar a uma atividade política
mais intensa, vou viajar o Brasil e vou disputar com eles ideias."
Fonte: http://noticias.bol.uol.com.br
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