A discussão sobre uma eventual
redução nos preços de diesel e gasolina pela diretoria da Petrobrás, conforme
notícias veiculadas na imprensa, provocou mal-estar entre integrantes do
conselho de administração. A avaliação de alguns conselheiros ouvidos pelo
Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, é que o
colegiado tem posição "afinada com o mercado" e a redução de preços
abalaria a estratégia da companhia para reconquistar credibilidade.
A decisão cabe à diretoria, mas
alguns integrantes do conselho criticaram não ter participado das discussões
sobre o tema. No domingo, 3, alguns integrantes trocaram mensagens questionando
a decisão pela redução de preços, veiculada na imprensa.
"A Petrobras, em função de
seu caixa, tem que maximizar o retorno com seus produtos. Esta é a filosofia e
recomendação do conselho. Maximizar sem expor a companhia à competição que pode
ser desvantajosa", ponderou um conselheiro.
Segundo o conselheiro, a tomada
de decisão "operacional" não pode depender do conselho, pois demanda
agilidade. Ainda assim, o conselho deveria ter sido consultado para avaliar se
a redução de preços condiz com a estratégia de longo prazo da companhia, de
recuperação de credibilidade junto ao mercado.
A avaliação da diretoria,
entretanto, é que há margem para redução de preços neste ano em função da
desvalorização do dólar e da queda nas vendas de combustíveis nos primeiros
meses do ano. Em janeiro e fevereiro, as vendas caíram 11%, ante uma base já
reprimida em 9% em 2015.
O tema também não passou pelo
colegiado da BR Distribuidora, responsável pela venda dos combustíveis. No
balanço de 2015 da estatal, a BR Distribuidora registrou prejuízo de R$ 1,2
bilhão ante lucro de R$ 2,1 bilhões em 2014. A queda foi explicada como
consequência da redução das vendas.
Como a estatal revende
combustíveis a preços mais altos que no mercado externo, desde o final de 2014,
outras distribuidoras passaram a ampliar importações e revender a preços mais
competitivos no mercado doméstico. Dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás
Natural e Biocombustível (ANP) indicam que a BR Distribuidora tem perdido
participação no mercado.
De dezembro de 2014 a igual mês
do ano passado, a participação da BR no mercado de venda de gasolina, caiu de
28,5% para 27,7% no último ano. Já no segmento de óleo diesel, foi de 38,52%
para 37,23%, segundo a ANP.
Estadão Conteúdo
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