sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Cearense desenvolve equipamento de combate à escassez de água

A escassez de água no semiárido nordestino é um problema que exige uma resposta prioritária. A falta de água ocasiona fome, sede e perdas agrícolas. Como ainda faltam soluções, iniciativas individuais pretendem combater a estiagem. 

O estudante de Engenharia Mecânica, Osvaldo Tavares, de apenas 20 anos, criou um protótipo inovador, que pretende servir como ferramenta para resolver o problema da escassez no Nordeste, mais precisamente no Ceará. O experimento retira sais da água a partir da luz solar. 

Cursando o 9º semestre do curso na Universidade Federal do Ceará (UFC), Osvaldo já recebeu manifestações de reconhecimento pelo trabalho. Ele ficou em 2º lugar na categoria Estudante de Ensino Superior do Prêmio Jovem Cientista, promovido nacionalmente pelo CNPq, do Governo Federal. 

Com o suporte da equipe do Laboratório de Energia Solar e Gás Natural, fundado pela professora Maria Eugênia Vieira da Silva, Osvaldo desenvolveu um experimento de dessalinização da água por meio da energia solar. “O protótipo trata da dessalinização, com o objetivo de torná-la adequada ao consumo humano, a partir do calor para provocar a evaporação das moléculas de água, ocorrendo a separação entre a água pura e os sais”. 

Como funciona 

O equipamento pode ser dividido em duas partes: os coletores de tubo evacuados, responsáveis por absorver a radiação solar e provocar o aquecimento da água que neles circula.; e a torre de dessalinização, constituída de um tanque e de múltiplos estágios empilhados, onde ocorre a dessalinização propriamente dita. 

“A água aquecida dos coletores flui de forma natural (termosifão) até o tanque, onde evapora. O vapor condensa na superfície inferior, transferindo o calor para o estágio acima. Em seguida, o condensado é coletado por meio de calhas. O processo continua até o estágio mais alto da torre”, explica. 

Litros 

O experimento deu tão certo, que foram alcançados 28 L de água dessalinizadas no período de 24 horas. Com base nesse valor, cada protótipo pode fornecer água potável para até 13 pessoas em uma comunidade isolada. 

Entretanto, segundo o jovem cientista, este ainda não é o resultado final. “O sistema foi concebido para operar em sete estágios instalados, estamos usando cinco”. Além disso, os pesquisadores estudam a possibilidade de usar refletores para aumentar a radiação incidente nos coletores solares, o que elevaria a produção de água dessalinizada. 

A tecnologia pode ser importante ferramenta para combater o problema de escassez de água, porque é possível a instalação em regiões isoladas, diferente de outras técnicas de dessalinização que utilizam energia elétrica, além de poder ser manuseada por usuários sem muitos conhecimentos técnicos. “As áreas afetadas com o problema da seca têm como característica o sol forte o ano inteiro, o que evidencia o grande potencial solar dessas regiões”, diz Osvaldo. 

Motivação 

O fato de ter sido um dos vencedores do prêmio Jovem Cientista motivou Osvaldo a contribuir com soluções aos problemas sociais do país. De acordo com o estudante, o maior incentivo foi o reconhecimento do trabalho do laboratório por instituições federais, como o CNPq. Em dezembro, Osvaldo recebeu o prêmio das mãos da presidente Dilma Rousseff. 

“As vezes, pensamos que estamos esquecidos (…) Mas chegar ao Palácio do Planalto e receber os cumprimentos da presidente como resposta ao trabalho que fazemos foi muito bom”, revela. 

Fonte: http://tribunadoceara.uol.com.br

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