O governador Camilo Santana inaugurou, na manhã desta quarta-feira (7), em Fortaleza, a Barragem do Rio Cocó. A obra, que está com sua capacidade máxima de armazenamento, de quase 6 milhões e meio de m³, vai conter o excedente de água no período mais intenso da quadra chuvosa na Capital, para evitar alagamento em bairros vulneráveis ao longo do rio.
Segundo o chefe do Executivo, a intervenção contempla a dragagem e o saneamento do rio Cocó, além da urbanização do trecho que vai da BR-116 até a avenida Paulino Rocha, às margens do curso d’água. “Agora começa o nosso desafio, tanto de proteger, como de garantir o uso sustentável, gerando renda para as pessoas desta localidade”, disse Santana. “Vamos ampliar, também, o policiamento ambiental para garantir a segurança do equipamento e da população do entorno”, disse.
Com investimento da ordem de R$ 105 milhões, incluindo valores destinados para desapropriações no entorno do local, a barragem faz parte do Projeto Rio Cocó — um dos programas executados pela Secretaria das Cidades. A obra também está integrada na poligonal de 1.571 hectares do Parque do Cocó, regulamentado no último domingo (4), e deve fazer parte, em breve, do sistema de abastecimento de Fortaleza e Região Metropolitana.
Segundo o secretário das Cidades, Jesualdo Farias, a urbanização das margens direita e esquerda já estão em andamento. “A obra da margem direita está toda contratada e o primeiro trecho, concluído. A outra margem está em fase de desapropriação”, explica. O secretário informa, também, que as famílias que moram próximas ao rio serão transferidas de áreas de risco para vagas em residenciais ou receberão indenização. Ao todo, cerca de 10.970 mil famílias serão beneficiadas com a construção.
Também presente na inauguração, o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, avalia que Barragem do Cocó e a regulamentação do parque vão tornar a Capital uma cidade mais respeitosa em relação ao meio ambiente. O gestor municipal lembra, ainda, das enchentes que inundaram comunidades próximas ao leito do rio, como Dias Macêdo e Barroso, nos períodos chuvosos passados — principalmente das chuvas de abril de 2015, quando visitou algumas localidades com o governador. “Está previsto no plano Fortaleza 2040 que esta área seja transformada em um espaço de autoecologia, de geração de emprego e renda, principalmente na agricultura”, contou.
A contenção no volume das águas vai eliminar 14 áreas de risco em Fortaleza. Os lares, que antes sofriam com o drama dos alagamentos, agora podem respirar tranquilidade nos dias de forte chuva na Capital.
Durante décadas, bastou o tempo fechar no céu para a comunidade do Lagamar visualizar o pior. A água invadia tudo e deixava pouco nas casas. Essa cena se repetiu com constância ao longo da trajetória de 40 anos do aposentado Espedito Pedro Paiva, 59, no bairro.
“Era só chover forte que a gente ficava nadando em água. A enchente vinha forte, e sempre tinha que todo mundo sair de dentro de casa e esperar na calçada alta do outro lado da rua, pra depois ver o que podia aproveitar”, lembrou.
Seu Espedito mora com a esposa, dona Luzia, o filho Carlos Alberto de Paiva, a nora Eliete de Souza e dois netos numa pequena casa próxima ao canal do Lagamar. Com a barragem do Rio Cocó, ele já sentiu em 2017 a queda do impacto da chuva sobre a casa da família. “Entrou pouca água dentro de casa, e a gente viu pouca coisa nas ruas comparado às enchentes de antes. E a gente espera que melhore mais com a inauguração aí dessa barragem, né?”.
Com a filha Sofia, de cinco meses, nos braços, Eliete, 29, comemora o fato de poder dormir com sentimento de paz em meio ao clima chuvoso. A dona de casa lembra que já presenciou vizinhos com água até o telhado em enchentes mais drásticas. Também acumula lamentos por perdas materiais e temores pela vida dos familiares. “Já perdemos muita coisa material em enchentes dos últimos anos. Mas conheço gente que perdeu filho, que é muito pior, por causa dessa situação de risco”, afirmou.
Com a ação do Governo do Ceará, Eliete avalia que agora a população da localidade vai poder seguir a vida sem ter a chuva como sinônimo de tragédia. “Meus filhos vão estar seguros na cama, eu vou poder dormir tranquila. Nossa vida vai melhorar muito longe dos riscos de alagamento”.
Do outro lado da rua da família Paiva, o vendedor Francisco Pereira, 50, passa o tempo a admirar os passantes à frente do canal. E reforça a mudança positiva na qualidade de vida da vizinhança durante as chuvas de 2017, em comparação ao mesmo período do ano passado. “Tá sendo excelente essa obra. Graças a Deus melhorou muito. Aqui e acolá tem só umas ‘aguazinhas’, mas a gente já sentiu esses meses aí, que choveu, mas pouco se viu de ponto de alagamento. Aqui antes era uma correria, hoje tá todo mundo mais protegido”.
Com informações Governo do Estado do Ceará
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