A greve dos professores da rede
estadual chega hoje ao 100º dia. Embora o calendário de retomada das aulas do
segundo semestre tenha entrado em vigor ontem, o cumprimento do ano letivo em
2016 ainda é incerto para cerca de 20% das 709 instituições da rede, com
paralisação total ou parcial, segundo balanço da Secretaria da Educação do
Estado (Seduc). Com cerca de 15 rodadas de negociação, no entanto, a Pasta
estima que o movimento reduza cada vez mais até finalizar por completo.
Das
escolas ainda sem aula de forma total ou parcial, 50% estão em Fortaleza e 60%
no município de Russas, segundo informou o secretário de educação do Estado,
Idilvan Alencar. Para ele, a última proposta apresentada à categoria, no sábado
(30), é encarada como definitiva. “Eu tive mais de 15 reuniões e com 80% das
escolas em atividade, nós entendemos que eles estão voltando às aulas”, diz.
Revela,
contudo, ainda manter o foco sobre as instituições ainda sem atividade,
destacando o trabalho de reposição do conteúdo, que deve se estender aos
sábados e no mês de dezembro. “Se uma escola só tiver sem aula, nós vamos estar
preocupados. Estamos o tempo todo conversando com diretores, com professores,
com alunos, atendendo pauta de aluno para que a gente consiga minimizar cada
vez mais esse problema”.
Conforme
notificação do Ministério Público do Estado, a Seduc já havia garantido o
cumprimento dos 200 dias letivos na reposição das aulas. No entanto, na
avaliação da secretária executiva do Conselho Estadual de Educação (CEE), Ana
Nogueira, a reposição completa para este ano é praticamente inviável. “A lei
exige que a escola cumpra 800 horas distribuídas em no mínimo 200 dias letivos,
mas isso não contempla provas nem outras atividades. Cerca de 50 dias já foram
prejudicados no primeiro semestre, então mesmo que se incluam sábados e
feriados, certamente os alunos entrarão em 2017 cumprindo a carga horária de
2016”, ressalta.
O
presidente do Sindicato-Apeoc, Anísio Melo, disse ontem ainda não ter fechado o
levantamento das escolas sem atividades, mas destaca que a direção trabalhará
ao máximo para resolver o impasse. “Vamos fazer consultas abertas da categoria
com quem já voltou, com quem está pensando em voltar, com quem não quer, para
termos uma avaliação real da disposição de continuar a luta”.
O
sindicato realiza plenária hoje, diz o professor, para definir um calendário de
encontros zonais na Capital e Interior, visando um consenso. A expectativa é
que a próxima assembleia aconteça no dia 12 de agosto.
Na
Escola Telina Barbosa da Costa, em Messejana, uma faixa onde se lê: “Professores
em greve”; foi fixada no portão de entrada. Segundo alunos da instituição, ela
foi desocupada há cerca de duas semanas, mas ainda não há previsão de retorno
para as aulas por conta da greve dos servidores. Procurada, a direção não quis
se pronunciar.
Movimentação
Os
portões estavam trancados com cadeado e nenhum carro podia ser visto no
estacionamento da Escola Estadual Deputado Paulo Benevides, em Messejana.
Conforme uma comerciante da área, não houve movimentação de alunos durante toda
a manhã. Embora ela tenha afirmado que um vigilante guardava o local, ninguém
atendeu ao chamado da equipe.
Na
mesma rua, a Escola Estadual José de Barcelos não paralisou as atividades
durante o primeiro semestre e deve concluir o ano letivo no tempo regular, em
dezembro. Já o Liceu de Messejana se mantém ocupado por estudantes há quase
três meses e, segundo eles, continuará assim por tempo indeterminado.
Mesmo
com greve de 10 dos 27 professores, a Escola Estadual Paulo Ayrton, em
Cajazeiras, retomou as aulas para os 370 alunos. No entanto, segundo o diretor
Adriano Bandeira, foi preciso reduzir o horário normal de cinco para quatro
aulas diárias e fazer um rearranjo na função de alguns funcionários.
De
acordo com a Seduc, o Estado tem 30 escolas ocupadas, sendo 28 na Capital, uma
em Limoeiro do Norte e uma em Sobral. No dia 6 de maio, a greve foi suspensa
pelo Tribunal de Justiça do Estado (TJCE) sob pena de multa de R$ 3 mil ao dia
por descumprimento do retorno ao trabalho. O sindicato Apeoc entrou com
recurso, mas até o momento não recebeu o resultado. A reportagem entrou em
contato com o TJCE, mas até o fechamento desta edição não recebeu detalhes do
processo.
Diário do Nordeste
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