Agropecuaristas cearenses, potiguares, paraibanos e pernambucanos movimentam-se no sentido de pressionar os líderes políticos dos seus estados para que obtenham da Agência Nacional de Águas (ANA) o aumento da outorga de água dos canais Leste e Norte do Projeto S. Francisco de Integração de Bacias (PSF).
Dá-se o seguinte:
Neste momento, a barragem de Sobradinho está prestes a verter.
Maior represa do Nordeste, ela acumula quase 100% de sua capacidade total, que é de 32,5 bilhões de m³ de água.
Verterá dentro de alguns dias, jogando no oceano algo como 5 mil m³ por segundo.
Sobradinho e sua grande usina hidrelétrica têm a função principal de gerar energia. Só que, neste momento, por causa da pandemia do coronavírus, o consumo de energia caiu espetacularmente.
E continuará caindo mais ainda enquanto durar a proibição de funcionamento do setor indstrial, exigindo muito menos água para a sua geração.
Tem mais:
As termelétricas nordestinas - incluindo as do Complexo do Pecém - e os parques eólicos e solares da região seguem gerando a pleno, mesmo com a queda do consumo.
Ou seja, há muito mais oferta do que procura por energia.
O que desejam os agropecuaristas do CE, RN, PB e PE?
Resposta: que a ANA aumente dos atuais e minguados 26 m³/s para 100 m³/s a outorga dos Canais Norte (que vem para o CE e o RN) e Leste (que vai para PE e PE).
Em vez ser desperdiçado no mar, esse volume ajudaria a encher os grandes açudes do Nordeste, como o Castanhão, no Ceará, e o Armando Ribeiro Gonçalves, no Rio Grande do Norte.
Quando o PSF foi lançado, ficou acertado com a ANA e com o Comitê da Bacia do São Francisco que, quando a barragem de Sobradinho alcançasse 90% de sua capacidade, o volume a ser transferido para os canais Norte e Leste poderia alcançar até 100 m³/s.
Pois bem, desde abril de 2004 - quando verteu pela última vez - a maior barragem nordestina não alcançava sua plena capacidade de represamento.
Agora, o que ficou acertado precisa de ser cumprido. Mas isso só será possível pela pressão política.
É preciso lembrar que o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, é potiguar e tem direto interesse nesta reivindicação.
DIFERENÇA
Por decreto, o governo do Ceará impõe não uma quarentena (reclusão de pessoas ou animais por um determinado período) nem um "lockdown" (proibição de funcionamento de todas as atividades econômicas, menos as essenciais), mas uma tentativa de isolamento social (as pessoas evitam a interação, excluindo-se do ambiente comum).
É o que explica uma voz poderosa do Palácio da Abolição.
Na Aldeota e noMeireles, qualquer uma dessas açternativas funciona tudo bem.
Mas, na periferia da capital e nas cidades do interior, é muito difícil isolar.
SACRIFÍCIO
Dom Aldo Paghotto, que ontem faleceu, vítima de um câncer que o consumia havia um par de anos, agravado pelo coronavírus, foi um religioso que cumpriu com fidelidade e sacrifício sua missão de pregar o Evangelho de Cristo.
No Ceará, foi bispo de Sobral; na Paraíba, foi arcebispo de João Pessoa.
Deus o tenha no Céu.
POLÍTICOS
Em ano eleitoral, os políticos procuram tirar do Tesouro Nacional o máximo de recursos que podem.
E neste momento de crise eles repetem a tradição.
Com o apoio dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, limpam o tacho do erário de olho não na saúde, mas em outubro, o mês da eleição municipal.
PÂNICO
Segundo o secretário de Saúde do Governo do Ceará, Dr. Cabeto, 250 pessoas morrerão por dia em Fortaleza no próximo mês de maio, quando chegar o pico dos casos de coronavírus.
Os empresários da construção civil cearense, que ouviam o secretário por vídeo conferência, tomaram um susto.
E dormiram de ontem para hoje com a certeza de que reabrir agora os seus canteiros de obra - como pretendiam - será uma temeridade diante do que está prevendo a principal autoridade sanitária do Estado.
DN
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